Blog do Edson

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Uma bebida açoriana conhecida em regiões litorâneas de Santa Catarina pelo nome de consertada foi o ponto de partida e a gentil acolhida de boas vindas, na praia de Armação do Itapocorói, Penha (SC). O encontro ocorreu por acaso, na Petiscaria do Élio – Tradição em Frutos do Mar.

A consertada, ofertada no balcão do estabelecimento, foi consumida alegre e delicadamente. Em dois goles foi possível absorver aquele verdadeiro licor popular em um pequeno copo, que não era de cristal, mas utilizado como se fosse. E foi o inicio de uma agradável acolhida e diálogo sobre a cultura, a gastronomia e os movimentos sociais do povo açoriano que se implantou ao longo dos 40 municípios de Santa Catarina.

Élio, que atende a todos com muita gentileza e atenção, está à frente da petiscaria desde 1984. E aplica os conhecimentos de além mar. Se utiliza da pesca artesanal para oferecer produtos frescos usando alguma técnica culinária sem grandes pretensões. Uma anchova grelhada acompanhada de pirão levemente temperado, camarão soltinho ou ao bafo, bolinhos de peixe, e, mariscos ao vinagrete, fazem parte das atrações principais. Há também complementos como saladas, arroz, batatas fritas, e frango para quem é intolerante aos produtos do mar.

Descobrir a Petiscaria foi uma feliz volta no tempo com acumulo de muita história que remete aos primeiros 461 açorianos de deixaram suas terras na ilha de Açores em busca de um novo eldorado. Foi instituída a data de seis de janeiro porque neste dia no ano de 1748, está registrada a chegada dos primeiros açorianos na ilha de Santa Catarina, Florianópolis. Estas pessoas embarcaram no porto de Angra do Heroísmo no dia 21 de outubro de 1747 com destino ao Sul do Brasil. As Galeras “Jesus” e “Maria José” sob o comando do capitão Luís Lopes Coelho trouxeram a bordo 85 casais e seus familiares vindos das ilhas Terceira, Faial, São Jorge e Pico. Eram trabalhadores que tinham por vocação a agricultura. Aqui se adaptaram a pesca, principalmente da baleia, por ser abundante. 

A obra do pesquisador catarinense, de Nova Trento, doutor Walter Fernando Piazza, sob o titulo “A epopeia açorio-madeirense”, de 490 páginas, é considerada a mais completa sobre a vinda dos açorianos para Santa Catarina. Ele pesquisou em arquivos brasileiros e portugueses inclusive açorianos. Em doze capítulos discorre sobre os motivos que levaram os açorianos a migrarem para as terras brasileiras.

O tema é vasto e inconclusivo. Tem um tratamento especial junto a academia. A Universidade Federal de Santa Catarina trata do tema através do Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) que oferece reuniões permanentes e estudos, além de disponibilizar uma bibliografia com livros de literatura açoriana, literatura infantil, poesia, historiografia, bem como catálogos de exposição, CDs e DVDs .

A conversa e as referências históricas dos imigrantes açorianos foram intercaladas entre um prato e outro de frutos do mar e cerveja, já que a temperatura naquela hora do dia estava no seu ápice.

Para dar uma pausa no interessante diálogo, questionei sobre se havia alguma sobremesa para encerrar aquele gostoso almoço. Élio me recomendou uma mousse de maracujá natural. Veio a coisa alegre, divertida, com algumas sementes contrastando com a cor forte da fruta. Estava corretíssima.

 

SERVIÇO

Petiscaria do Élio

Rua João de Souza Costa, 372 - Praia de Armação do Itapocorói,

Penha - SC,

CEP 88385-000

Telefone: (47) 99104-0085

 


Quarta-feira, 6 de Fevereiro de 2008


Postado por Edson Vieira às 2:38 PM

"Na vida de um homem não há dois momentos de prazer parecidos, tal como não há duas folhas na mesma árvore exatamente iguais." Honoré de Balzac.

Nesses dias de carnaval oficial, aceitei o convite de M. J e Mml. S., para visitar novamente a charmosa e agitada Ilha de Florianópolis.
Seria algo como se eu buscasse alguma tranquilidade, alguma paz, tão rara em nossos dias.
Imaginar enorme congestionamento de veículos na pacata Ponta das Canas, por exemplo, poderia me fazer desistir de tão simpático convite.
Ou quem sabe, enfrentar uma longa fila de gordos banhistas avidos em degustar alguns camarões banhados em azeite.
(...???)
Mas, nada disso me demoveu da idéia de ir em frente.
Até porque "o homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo." (Balzac).
- Vou levar vocês ao Restaurante Ostradamus Ribeirão - a casa das ostras -, disse M. J., com o qual concordamos de imediato.
Afinal, nem eu nem Mme. M, haviamos, até aquela hora do dia ingerido qualquer alimento por força e pressa do motorista que - saindo de Curitiba às pressas, parou em frente ao mercado municipal de Florianópolis, num ato até, digamos, incomum.
Alguns minutos depois já estavamos passeando e admirando as fachadas dos antigos casebres e construções portuguesas do século passado, do bairro Freguesia do Ribeirão da Ilha. Essa comunidade é um conjunto de edificações coloniais até hoje muto bem conservados pelos moradores do lado sul da Ilha.
A localidade - com forte vocação para a pesca - se tornou grande produtora de ostras do Pacífico cultivadas com alta tecnologia.
Na entrada do restaurante Ostradamus pude observar um enorme aquário contendo diversas ostras do Pacífico em estado de depuração em água cristalina e oxigenada por força das tubulações indutoras de ar.
Garçons experientes usando quepes, modelo capitão da marinha, nos deram as boas vindas e um deles nos conduziu para a mesa 29 que tem vista de frente para a lagoa e para a espaçosa cozinha.
Todas as mesas com tampo de vidro tem arranjos temáticos em seus interiores. A que nos acomodamos tinha a temática das diversas espécies de conchas marinhas nominadas pelas espécies cientificas por uma placa de identificação. O cardápio bilingue é apresentado em forma de pergaminho.
Para a entrada pedimos ostras in natura ( R$ 22.00 a duzia) e gratinadas com molho béchamel ( R$23.00), além de uma porção de pastéizinhos de camarão (R$ 15.00, com 10 unidades). As ostras in natura frescas - apresentadas em cuba com gelo - estavam corretas no sabor, temperatura e textura.
Acrescentei gotas de tabasco, cometendo uma heresia. Mas o pecado foi perdoado pela perfeição do produto. As gratinadas foram muito bem apresentadas provocando semblantes de alegria e, logo em seguida, de prazer, superando inclusive a temperatura excessivamente alta entregue à mesa. Os pasteizinhos de camarão foram insufucientes. Delicados, saborosos, mas reduzidos em tamanho. Em seguida pedimos filé de linguado grelhado com camarões grandes grelhados e champignon , acompanhado com arroz, pirão e batatas noisette (R$ 85.00, generoso em quantidade). Veio numa longa travessa com os produtos dispostos de maneira a que pudemos nos servir sem atrapalhos.
Àquela hora do dia o restaurante já estava com todas as mesas ocupadas, inclusive algumas dispostas no trapiche alí existente, utilizado pelos que chegam com embarcações.
Nossa conversa girou em torno da vida do grande escritor francês Honoré de Balzac e seus estranhos hábitos. Um deles era o de consumir dúzias e dúzias de ostras diariamente, no horário matinal.
- Nunca teve problemas de gota ou reumatismo, afirmei, sem muita convicção.
(...)
Pedimos cerveja por causa da hora e temperatura externa. Havia somente duas marcas, Bavária e Sol.
M. J., pronunciou... "Sol", ainda em dúvida por causa da pouca oferta.
A primeira não fez espuma. O garçon retornou com outra em temperatura e condições adequadas de consumo.
Menos inseguros consumimos outras sem muito entusiasmo.
Sobremesas não constam no cardápio.
Mas Mml. S., pediu um pedaço de pudim de leite, que tinha avistado no freezer de tampo transparente.
Pedimos café, pagamos a conta e voltamos a passear pelas estreitas ruas de Ribeirão da Ilha, lugar onde o tempo acompanha as suaves batidas das asas das gaivotas.
Homenageio Balzac pelas suas infindáveis virtudes e por sua grande espirituosidade com um rico diálogo que transcrevo abaixo:

Lady Astor: - Se você fosse meu marido, Winston, eu envenenaria o seu chá.
Winston Churchill: - Se eu fosse o seu marido, Nancy, eu tomaria esse chá.
Honoré de Balzac

Serviço: Restaurante Ostradamus Ribeirão
Rodovia Baldicero Filomeno 7640 - Ribeirão da ilha
De terça a sábado das 12 as 23 h
Domingo das 12 as 18 h
Fone - (48) 3337-5711
Site - http://www.ostradamus.com.br/
Florianópolis - S.Catarina