Blog do Edson

Baunilhas do Egito

Acordei com diversos pensamentos hoje.
Deixei os maus e forçei acreditar que as populações do mundo são felizes.
Os jornais dizem que os países estão em festa.
Populações comemoram seus feitos heróicos - pós futebol - com manifestações públicas.
Na Coreia do Sul, no Japão, na Holanda, no Uruguai, no Paraguai e até no Chile que sofreu agressões da natureza recentemente.
Na Espanha, então... ainda é feriado. São campeões.
No Brasil o foot ball, inventado pelos ingleses, não empolgou.
Na França é feriado, hoje, por causa da revolução do proletariado.
Pensando assim, fui almoçar no Babette Café, que fica na Aliança Francesa, tradicional escola do idioma mais elegante do mundo.
Ambiente simples, aconchegante e discreto.
Convidei Mme M.L. e Mme L..
Havia reservado uma mesa por ser o local pequeno e concorrido.
Ao nosso lado um alegre grupo de dirigentes da Câmara de Comércio França-Brasil. Havia musica ambiente. Tão discreta quanto agradável, como convém.
O cardápio já estava definido para homenagear a data nacional da França composto assim, pela ordem:
Entrée
Mini sanduiche Baudelaire (que vem a ser pão preto com mostarda Dijon e Shitaki na manteiga temperada) sobre salada verde, tomates cereja, gergelim e azeite aromatizado.
Plat
Confit de Carnad (pato confitado), com purê misto de batatas, ervilhas tortas e abobrinhas refogadas com azeite da casa.
Dessert
Creme Brûlée de baunilha do Egito e Verrine de mousse de chocolate com frutas vermelhas.
E, vieram cadenciados, numa ordem alegre. A cada momento minhas convidadas manifestavam cada vez mais contentamento.
Nos foi oferecido o vinho argentino Alfredo Roca, pinot noir, de qualidade insuspeita.
Mme L. não conteve a alegria em saborear os alimentos. Da mesma forma que Mme.ML.
Para mim não foi surpresa. A habilidade das chefs Andréa Durek e Roberta Ribas surpreendem pela correção, delicadeza e combinação correta dos alimentos.

-O que tem de tão especial nesse creme Brûlée que nos foi servido, indaguei, já me preparando para pagar a conta e sair.

-Acrescentei favas de baunilhas do Egito, que me foram trazidas por um atencioso aluno, disse, Andréa.

O Café Babette tem dessas coisas...

Serviço:
Café Babette - Aliança Francesa
Rua Prudente de Moraes, 1101
80.430-220
Fone 3205-0955
Curitiba - Paraná

Pizza de Gorgonzola

Enfrento um grande desafio em Curitiba.

Onde encontrar uma pizza coberta com gorgonzola nas segundas-feiras, depois das 23 horas?

É uma tarefa quase impossível.

Por que digo isso curioso leitor?

Porque é nas segundas-feiras que me encontro com alguns dos mais afinados e profundos conhecedores dos segredos dos... gorgonzolas.

E, frequentemente nos despedimos, depois de consumirmos algumas comidas por aí, com a nítida impressão que os comerciantes de pizzas da nossa cidade não nos querem ver felizes.

Havia, há alguns anos atrás um bom pizzaiolo que nos aguardava próximo do horário usual com aquela preciosidade. Honesta, quentinha, crocante com a atração principal levemente derretida e gosto que dava prazer para a língua.

Depois fechou.

Chamava-se Salão Italiano e ficava na rua Padre Germano Mayer.

Apelidamos de "ladrão italiano" porque dividíamos a conta e, independente do volume de consumo de comidas e bebidas, o valor era sempre o mesmo.

Acima do esperado.

Mas pagávamos com prazer porque a pizza era honesta e o gorgonzola era importado.

Rememorei esse fato porque hoje não consigo encontrar uma simples pizza coberta com esse queijo requintado que tanto dá alegria para o corpo e para o espirito.

O queijo gorgonzola - neófito leitor - possui massa crua, de cor amarelo pálido com veios azuis, e maturação com duração de três a quatro meses. Após a confecção ele é embalado em unidades de seis a 12 quilos, em folhas de alumínio ou estanho.

Por sua cremosidade, ocupa uma categoria especial entre os queijos "azuis".

Originário de Gorgonzola que fica a 19 quilômetros de Milão, na Itália, hoje é manufaturado em toda a Lombardia, principalmente em Bergamo, Cremona, Milão e Pavia.

É um dos grandes queijos gastronômicos do mundo e vem sendo exportado pelos produtores italianos desde 1870.

Continuo em busca desse prazer e quando encontrar contarei para vocês com grande alegria.


Latidos, alarmes e sonhos


Barulhos!!! Ah, os barulhos...

Tiram a tranquilidade de qualquer cidadão honesto, trabalhador, chefe de família e... assaltantes.

Há diversos.

Os mais comuns são os latidos. Aqueles que não tem hora para acontecer. E, agora preservados pelos seus "donos".

"Não incomode meu cachorro. Ele está manifestando um sentimento de propriedade. Deixe ele latir, senão terei que levá-lo a um psicólogo", disse-me uma zelosa mas desequilibrada proprietária de um odioso animal inquieto.
Diante de tão absurda afirmação, me preocupei.
- As coisas estão mudando, pensei.
Terei que suportar os diversos e constantes latidos sem ao menos ter com quem dividir tal incômodo.
O 156 da prefeitura não acolhe mais tais reclamos.
Chego à conclusão que são até suportáveis diante de outros.
Há os alarmes residenciais e de automóveis.
Estes sim. São tão ineficientes quanto as reclamações pelo telemarketing.
Os alarmes anti furtos não funcionam para o que se propõem.
Servem apenas para incomodar vizinhos.
Fazem barulhos tão estridentes que chega-se a ouví-los à quilómetros de distância.
E, no entanto, ocupam apenas os sensíveis ouvidos dos despreocupados cidadãos.

Há outros mais.

Os barulhos dos cortadores de grama, dos cortadores de árvores, das construtoras. Dos motores desregulados nas oficinas mecânicas. Do apito do trem às 23 horas e às 06 horas.
Há ainda o barulho insuportável do auto falante do "carro do sonho".
Na minha rua passa duas vezes por dia.
Quando saio encontro-o em outros bairros.
É uma feroz perseguição dele em busca de meus sensíveis ouvidos.
Queira me desculpar pelo excessivo barulho que estou lhe causando, atento(a) leitor(a), mas é um desabafo pelos altos decibéis desses feriados prolongados.
Tentando fugir dos barulhos como fazem os assaltantes, fui em busca de um lugar onde pudesse, ao menos comer algo simples, gostoso, barato e,... em silêncio.
Cheguei no Au Au Lanches do Cabral, tradicional casa de sanduíches da cidade, onde haviam me recomendado saladas e sorvetes.
Caminhei por entre as mesas buscando sossego.
Depois de passar por algumas com crianças em férias, me acomodei na mesa 9, ao lado de três jovens falantes e risonhas.
Após uma breve leitura pelo cardápio preferi um sanduíche normal com folhas verdes, tomates, hamburger e alguns molhos para complementar. E refrigerantes.
- Inclua bacons, b a c o n s  falei para a atendente, antes que pudesse me dar as costas.
Mme M.L.,, que me acompanhava solicitou um tradicional Au Au duplo Especial, que consiste em pão especial, duas salsichas da marca Sadia, maionese, queijo ralado, batata palha, salada, mostarda, molho de tomate...
Olhei meio assustado para aquele pitoresco pedido e, como se  ela estivesse lendo meus pensamentos, disse:
- Não se preocupe. É um desejo de infância que realizo raramente.
- Humm...(resmunguei)
Vieram em seguida e foram avidamente consumidos.
Tentei abordar amenidades carnavalescas.
Não obtive êxito.
Algo me incomodava, impedindo minha contumaz gentileza e atenção com Mme M.L..
Descobri, por um lapso de raciocínio, que a música altíssima do ambiente impedia o extravasar de minha alegria.
Paguei a conta.
Algum tempo depois ainda estava com forte zumbido nos ouvidos.
SERVIÇO:
Au Au Laches - Cabral
Avenida Munhoz da Rocha, 770
Fone (041) 3092-8747
Aceita todos os cartões.

Carne de Onça

Tenho a nitida impressão de que venho recebendo provocações das mais variadas sobre o melhor de nossa culinária.
Entendo que o melhor é feito com dedicação, coragem e boa vontade.
É uma receita simples mas acertada.
Existe profissionalismo e um comércio bastante farto, mas carecendo de melhor estrutura.
Os restaurantes de hotéis estrelados de Curitiba estão bem posicionados nesse quesito.
Mas quase inacessíveis para a maioria dos mortais.
Então devemos nos contentar com a simplicidade e alta criatividade.
Deixando de lado essas enfadonhas e sonolentas considerações, aceitei generoso convite de M J. e Mme S., para comer uma autêntica "carne de onça", regada com "boa" cerveja.
- Esperamos você no Armazém Fantinato, às 20 horas, e desligou seu celular.
Cheguei no horário marcado, acompanhado por Mme M., e, com muita dificuldade estacionei meu veiculo próximo ao local marcado.
Aguardamos por uma mesa e entre uma conversa e outra tomamos uma (urgh) cerveja.
- Leu o artigo do físico Rogério Cesar de Cerqueira Leite, na Folha de São Paulo,( 18.12.2009) com o titulo "Estamos bebendo gato por lebre", questionei M J.?
-Não, me respondeu lacônico.

-Pois bem. Esse notável cientista prova por A mais B que a nossa cerveja é muito ruim. Só é bem vendida por causa do preço. Contém substâncias inadequadas tais como "cereais não maltados" - leia-se milho, em sua composição, malte importado de qualidade suspeita, antioxidante INS 315 e estabilizante INS 405, intoxicando os brasileiros com conservantes.

Ainda pouco convencido por essa verdade, ele pediu mais uma garrafa.
Passado alguns minutos, ainda supresos com a informação que eu havia lhes repassado, o garçon nos conduziu para uma mesa ao lado de uma antiga geladeira e pedi o cardápio.
- Uma "carne de onça", disse M J.
Veio cuidadosamente conduzida pelo atendente Diogo.
Exibiu suas intimidades com a coisa, misturando conhaque, paprica, alho picado e cebola e em seguida uma generosa quantidade de azeite de oliva.
Manipulou com destreza duas colheres. E em seguida nos ofertou com fatias de broa acompanhadas com dois pequenos recipientes de mostarda e manteira cremosa.
Me atirei, voraz, naquele prato social.
A primeira impressão foi de uma pasta cremosa muito bem condimentada.
Depois me acostumei com a textura e paladar.
Continuei informando sobre os maleficios das refrescantes cervejas, mas, teimosamente consumiamos. Acho que, por causa do calor e da quantidade de pimenta colocada em cada fatia.
E assim aproveitamos até o fim aquele exótico e regional prato curitibano.
Passei meus olhos sobre as prateleiras e armários daquele estabelecimento. Anotei alguns produtos alí expostos, tais como: sabonete Colonial, Wimi, bolachas Duchen, King-Cola, cerveja Malt 90, bolacha São Luis, pegador de barras de gelo, engradados de garrafas, gaiolas de passarinho, peneiras, moedores de café, tico-tico, leques, ferro de passar (com colocador de brasas), baleiros, ferraduras, vassouras, rádios, bules, buchas etc. etc...
Pensei:
São produtos da época em que "carne de onça" se chamava hackpeter, e cerveja era cerveja.
Bons tempos.

Serviço:
Armazém Fantinato
rua Mateus Leme, 2553
Bom Retiro - Curitiba (PR)
Fone (41) 3023-1953