Blog do Edson

Carne de Onça

Tenho a nitida impressão de que venho recebendo provocações das mais variadas sobre o melhor de nossa culinária.
Entendo que o melhor é feito com dedicação, coragem e boa vontade.
É uma receita simples mas acertada.
Existe profissionalismo e um comércio bastante farto, mas carecendo de melhor estrutura.
Os restaurantes de hotéis estrelados de Curitiba estão bem posicionados nesse quesito.
Mas quase inacessíveis para a maioria dos mortais.
Então devemos nos contentar com a simplicidade e alta criatividade.
Deixando de lado essas enfadonhas e sonolentas considerações, aceitei generoso convite de M J. e Mme S., para comer uma autêntica "carne de onça", regada com "boa" cerveja.
- Esperamos você no Armazém Fantinato, às 20 horas, e desligou seu celular.
Cheguei no horário marcado, acompanhado por Mme M., e, com muita dificuldade estacionei meu veiculo próximo ao local marcado.
Aguardamos por uma mesa e entre uma conversa e outra tomamos uma (urgh) cerveja.
- Leu o artigo do físico Rogério Cesar de Cerqueira Leite, na Folha de São Paulo,( 18.12.2009) com o titulo "Estamos bebendo gato por lebre", questionei M J.?
-Não, me respondeu lacônico.

-Pois bem. Esse notável cientista prova por A mais B que a nossa cerveja é muito ruim. Só é bem vendida por causa do preço. Contém substâncias inadequadas tais como "cereais não maltados" - leia-se milho, em sua composição, malte importado de qualidade suspeita, antioxidante INS 315 e estabilizante INS 405, intoxicando os brasileiros com conservantes.

Ainda pouco convencido por essa verdade, ele pediu mais uma garrafa.
Passado alguns minutos, ainda supresos com a informação que eu havia lhes repassado, o garçon nos conduziu para uma mesa ao lado de uma antiga geladeira e pedi o cardápio.
- Uma "carne de onça", disse M J.
Veio cuidadosamente conduzida pelo atendente Diogo.
Exibiu suas intimidades com a coisa, misturando conhaque, paprica, alho picado e cebola e em seguida uma generosa quantidade de azeite de oliva.
Manipulou com destreza duas colheres. E em seguida nos ofertou com fatias de broa acompanhadas com dois pequenos recipientes de mostarda e manteira cremosa.
Me atirei, voraz, naquele prato social.
A primeira impressão foi de uma pasta cremosa muito bem condimentada.
Depois me acostumei com a textura e paladar.
Continuei informando sobre os maleficios das refrescantes cervejas, mas, teimosamente consumiamos. Acho que, por causa do calor e da quantidade de pimenta colocada em cada fatia.
E assim aproveitamos até o fim aquele exótico e regional prato curitibano.
Passei meus olhos sobre as prateleiras e armários daquele estabelecimento. Anotei alguns produtos alí expostos, tais como: sabonete Colonial, Wimi, bolachas Duchen, King-Cola, cerveja Malt 90, bolacha São Luis, pegador de barras de gelo, engradados de garrafas, gaiolas de passarinho, peneiras, moedores de café, tico-tico, leques, ferro de passar (com colocador de brasas), baleiros, ferraduras, vassouras, rádios, bules, buchas etc. etc...
Pensei:
São produtos da época em que "carne de onça" se chamava hackpeter, e cerveja era cerveja.
Bons tempos.

Serviço:
Armazém Fantinato
rua Mateus Leme, 2553
Bom Retiro - Curitiba (PR)
Fone (41) 3023-1953