Blog do Edson

Boteco com alma

Buteco é uma derivação da palavra boteco. Também aceita para a
 indicação de botequim, que vem a ser quase a mesma coisa que bar.

Surgem quase que espontaneamente e adquirem vida longa.

Lembro certa vez lendo um exemplar de Asterix (o gaulês),  onde o herói baixinho que sempre vencia as batalhas contra os romanos (após ingerir uma desconhecida poção mágica)  caminhava por uma ruela numa das cidades dominadas na região da Gália quando se deparou com um bar denominado  O Gladiador Arrependido”. 

Asterix então adentrou àquele recinto, sentou-se e pediu uma bebida para esquentar a alma e o corpo.

Aquela passagem me fez refletir sobre a história do gladiador, que depois de tantas lutas, deixou sua função para gerenciar uma taverna ou um bar, como de costume. E, certamente viveu feliz na nova atividade.

Desta forma, em essência são os bares.

Acolhem a todos com respeito e os induzem a um comportamento digno de um lutador  que encontra um local seguro, por alguns bons momentos. Os bares estão espalhados por todas as cidades do mundo. Desconheço caríssimo (a) leitor (a), alguma cidade que não possua um adequado local onde se possa beber sem ser incomodado e se alimentar de algo que propicie prazer para a língua e para o corpo.

Aqui mesmo neste espaço já descrevi histórias vivenciadas em alguns bares como sendo lugares mágicos com registros históricos de alegria, felicidade.

Ainda recentemente, final deste outubro, estava eu em busca de um local semelhante ao descrito acima, na cidade de Paranavaí, há poucos quilômetros de distancia das margens do caudaloso rio Paraná – que faz divisa com Mato Grosso do Sul. Conversava com o engenheiro J. Russi, das virtudes daquela cidade localizada no Noroeste do Estado do Paraná e do calor reinante no inicio daquela da noite. Aguardávamos ansiosos a presença do advogado e engenheiro Carlos, profundo conhecedor de toda a região, que iria nos levar para comer alguma coisa naquela cidade.

- Chegou.

- Levarei vocês à um dos lugares mais democráticos onde não há distinção de classes, e todos são iguais. Iremos ao Buteco do Tribuna!!!

Fiquei em dúvidas sobre o local, mas concordei da mesma forma que o engenheiro J. Russi.

Chegamos ao local indicado pelo advogado Carlos, e nos acomodamos na mesa 33, quase em frente ao balcão, que possui, ao fundo, exemplares das melhores bebidas destiladas da cidade.

Com o extenso cardápio em mãos, sr. Carlos pediu três porções de caldo de piranha (de entrada), depois ceviche à moda peruana, e para encerrar, iscas de fígado bovino acebolado. Tudo acompanhado de cerveja Heineken.

A partir de então os diálogos derivaram para questões outras, num clima de otimismo e amizade.

Vieram pela ordem: o caldo de piranha.

 Confesso que não havia tido a experiência – até então -  com algo tão delicado, suave e levemente temperado. A impressão que tive do pescado foi de êxtase. O caldo quente remeteu ao que há de melhor da região próxima do pantanal.

Passada a agradável experiência, veio a segunda opção: Ceviche à moda peruana.

Já havia consumido várias formas de ceviche com peixe de mar, mas, com filezinhos de tilápia (de rio) foi a primeira vez. O preparo seguiu o ritual idêntico aos consumidos no Peru, mas com o toque dos filetes de tilápia. Uma combinação perfeita para aquele momento.

Por fim, após os mais diversos temas dos diálogos, veio a terceira opção: Iscas de fígado bovino acebolado.

Foi a apoteose. Já estávamos extasiados com as opções anteriores e fomos surpreendidos com as iscas de fígado, temperadas, frescas e macias. Uma combinação perfeita para o equilibrado consumo de cerveja Heineken.

O Buteco do Tribuna, conhecido também como o Bar do Kengo se mistura com a história da cidade. É frequentado por advogados, engenheiros, magistrados e suas famílias, agricultores, fazendeiros e trabalhadores de todos os segmentos. Possui uma diversificada seleção de bebidas e várias opções de comidas em seu extenso cardápio.

O Buteco do Tribuna  possui alma, retratado em diversas histórias contadas, e que fazem parte do contexto popular.

Pedimos uma saideira.

Veio.

Perguntei para o advogado Carlos:

- Como está a temperatura desta Heineken:

-Gelada, igual a cú de foca.

 

SERVIÇO

BUTECO DO TRIBUNA

Rua Manoel Ribas, 1290.

Centro, Paranavaí,

Paraná, Brazil

Fone (44) 3422-6000

Holandesa, de Londrina

 

 Circulava pela avenida Higienópolis, na agradável cidade de   Londrina.

 Procurava atentamente uma antiga sorveteria – Sávio -   que funcionava pelas imediações, desde a década de 80.

  Foi quando M. J.  Russi me alertou.

  É ali, apontando com o dedo indicador para uma confeitaria á nossa frente.

  - Pode ser esta sim, disse.

O nome, Holandesa, me deixou em dúvida.

Os desejos de algo cremoso, adocicado,  e o visual da vitrine falaram mais alto, naquela tarde de sol.

 Entrei na confeitaria, sem qualquer cerimonia, ainda hipnotizado pelo colorido dos confeccionados doces. 

Pedi um strognoff de nozes decorado com nata e cercado de pequenos pedaços de massa folhada.

O engenheiro Júlio Russi que me acompanhava pediu um creme de “brigadeiro” que consiste em  duas massas coloridas de leite condensado - claro e escuro -, decorado com meia fatia de morango.

- Podem se acomodar em qualquer uma das mesas que levarei os doces, em seguida, disse o educado atendente.

A mesa escolhida estava posicionada ao lado de uma porta, de forma providencial para acalmar a temperatura daquela tarde.

Chegaram os pedidos.

O strognoff de nozes  veio acomodado em uma pequena taça transparente. Estava correto na consistência  e  adequado na combinação com a nata fresca, juntamente com a mescla da massa folheada. Foi consumido avidamente, com pouco diálogo.

- Como está o seu creme, perguntei.

-Está ótimo... disse o bom amigo que me acompanhava nesta empreitada.

E assim prosseguimos naquela  árdua empreitada, alternando compromissos profissionais e atendendo aos pedidos do estômago.

A cidade de Londrina, caro(a) leitor (a), tem seus encantos. As grandes fazendas que existiam em 1.920 foram aos poucos dando lugar para os bem localizados loteamentos. Foi desmembrada do município de Jataizinho e conhecido como gleba Três Bocas, no caminho da ferrovia Ourinhos - Foz do Iguaçu. Ingleses que chegaram à região a partir de 1924 instituíram a Companhia de Terras do Norte do Paraná, com a anuência do Governo Estadual.

 Histórias ricas em fatos reais que repercutem até os dias de hoje.

 

Serviço

Confeitaria Holandesa

 Av. Higienópolis, 1295 - Centro, Londrina - PR,

 CEP. 86015-010

De bistrôs e companhia

Há muitos nomes de bairros em Curitiba. 
Destes, alguns engraçados, mas, de tão acostumados a ouvi-los seus significados passam despercebidos. Campo Comprido, Portão, Sambaqui, Sitio Cercado, Boqueirão, Barreirinha, Pilarzinho, Botiatuvinha, Xaxim, Capão Raso, Pinheirinho etc. etc. 
 
Foi passando por um bairro de nome engraçado - Bigorrilho - me deparei com o Café Anna Terra,  espaço que é dividido por uma panificadora (à direita) e um bistrô (à esquerda). 
Já se passava das 12 h.  Entrei.  Me acomodei na mesa 02 e pedi o cardápio para a atendente. Ao meu lado, Mme. M. L.,  solicitou a opção do dia, que consistia em bife acebolado, arroz, feijão, batata frita e salada com folhas verdes.                   Analisei o cardápio e fiquei com a opção dois, composta por arroz, batata sauté, bife grelhado e banana à milanesa.              No intervalo, conversamos sobre as famílias que vieram de várias cidades do país e do exterior para morar em Curitiba. Com trabalho e dedicação vêm trazendo progresso e boas novidades para a cidade. A exemplo da que administra o espaço gastronômico. Observei que no bistrô há um sistema Hi-Fi para conexão via internet. Jovens executivos acomodados em outras mesas se dedicando a conversas on-line através de seus inseparáveis lap-tops. Estudantes aguardando ansiosamente seus pedidos, enfim, um ambiente aconchegante e familiar. Servidas as saladas  com alguns molhos à disposição chegaram os pratos principais. Visual e aromas intensos. Após as primeiras garfadas perguntei para a madame

 

- Como está seu pedido?

 

- Está correto mas vou pedir mais uma porção de feijão... Disse.

 

- Por que? Insisti.

 

Porque esta quantidade é pouca para nós por causa do sabor.

 

De imediato provei o feijão e constatei que se assemelhava aos sabores caseiros. Da mesma forma que a banana à milanesa. Quentinha, crocante, e adocicada. E assim consumimos até fim, entremeados com observações de satisfação.

 

Pedimos a conta e efetuamos o pagamento diretamente no caixa, diferentemente dos procedimento nos fast-foods.

 

Serviço:

 

Café Anna Terra

 

Alameda Júlia da Costa, 1796 - Bigorrilho Fone (41) 3018-3983 e, 3077-0202


            


    P.S. Este texto foi publicado em 2009. O bistrô sofreu algumas modificações mas a qualidade continua a mesma.