Barulhos!!! Ah, os barulhos...
Tiram a tranquilidade de qualquer cidadão honesto, trabalhador, chefe de família e... assaltantes.
Há diversos.
Os mais comuns são os latidos. Aqueles que não tem hora para acontecer. E, agora preservados pelos seus "donos".
"Não incomode meu cachorro. Ele está manifestando um sentimento de propriedade. Deixe ele latir, senão terei que levá-lo a um psicólogo", disse-me uma zelosa mas desequilibrada proprietária de um odioso animal inquieto.
Diante de tão absurda afirmação, me preocupei.
- As coisas estão mudando, pensei.
Terei que suportar os diversos e constantes latidos sem ao menos ter com quem dividir tal incômodo.
O 156 da prefeitura não acolhe mais tais reclamos.
Chego à conclusão que são até suportáveis diante de outros.
Há os alarmes residenciais e de automóveis.
Estes sim. São tão ineficientes quanto as reclamações pelo telemarketing.
Os alarmes anti furtos não funcionam para o que se propõem.
Servem apenas para incomodar vizinhos.
Fazem barulhos tão estridentes que chega-se a ouví-los à quilómetros de distância.
E, no entanto, ocupam apenas os sensíveis ouvidos dos despreocupados cidadãos.
Há outros mais.
Os barulhos dos cortadores de grama, dos cortadores de árvores, das construtoras. Dos motores desregulados nas oficinas mecânicas. Do apito do trem às 23 horas e às 06 horas.
Há ainda o barulho insuportável do auto falante do "carro do sonho".
Na minha rua passa duas vezes por dia.
Quando saio encontro-o em outros bairros.
É uma feroz perseguição dele em busca de meus sensíveis ouvidos.
Queira me desculpar pelo excessivo barulho que estou lhe causando, atento(a) leitor(a), mas é um desabafo pelos altos decibéis desses feriados prolongados.
Tentando fugir dos barulhos como fazem os assaltantes, fui em busca de um lugar onde pudesse, ao menos comer algo simples, gostoso, barato e,... em silêncio.
Cheguei no Au Au Lanches do Cabral, tradicional casa de sanduíches da cidade, onde haviam me recomendado saladas e sorvetes.
Caminhei por entre as mesas buscando sossego.
Depois de passar por algumas com crianças em férias, me acomodei na mesa 9, ao lado de três jovens falantes e risonhas.
Após uma breve leitura pelo cardápio preferi um sanduíche normal com folhas verdes, tomates, hamburger e alguns molhos para complementar. E refrigerantes.
- Inclua bacons, b a c o n s falei para a atendente, antes que pudesse me dar as costas.
Mme M.L.,, que me acompanhava solicitou um tradicional Au Au duplo Especial, que consiste em pão especial, duas salsichas da marca Sadia, maionese, queijo ralado, batata palha, salada, mostarda, molho de tomate...
Olhei meio assustado para aquele pitoresco pedido e, como se ela estivesse lendo meus pensamentos, disse:
- Não se preocupe. É um desejo de infância que realizo raramente.
- Humm...(resmunguei)
Vieram em seguida e foram avidamente consumidos.
Tentei abordar amenidades carnavalescas.
Não obtive êxito.
Algo me incomodava, impedindo minha contumaz gentileza e atenção com Mme M.L..
Descobri, por um lapso de raciocínio, que a música altíssima do ambiente impedia o extravasar de minha alegria.
Paguei a conta.
Algum tempo depois ainda estava com forte zumbido nos ouvidos.
SERVIÇO:
Au Au Laches - Cabral
Avenida Munhoz da Rocha, 770
Fone (041) 3092-8747
Aceita todos os cartões.