Blog do Edson

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Encantado pela beleza arquitetônica adentrei ao recinto procurando pela bilheteria daquele imponente Teatro, num dos lados da Praça Independência, no centro histórico, em Montevidéu.

O Teatro Solís, faz parte da cultura do país, com intensa programação, desde a sua inauguração em 1856. Referencia na arte e na cultura da América do Sul, juntamente com o Teatro Cólon, de Buenos Aires, com estilo neoclássico projetado pelos arquitetos Carlos Zucchi e Victor Rabu. O Teatro Solís tem capacidade para, pelo menos 1500 lugares.

 No final daquela tarde, na ultima semana de abril, adquiri dois ingressos para assistir a atração da noite: Gran Gala de Tango.

 Aguardei, juntamente com Mme. M. L., o momento para adentrar àquela sala de espetáculos com a Orquestra Filarmônica de Montevidéu à postos.

Abriram-se as cortinas.

O diretor e maestro Martín García nos convida para o show de apresentação da Orquestra e seus convidados. Ao piano, Álvaro Hagopián; bandoneones, Néstor Vaz, Martin Pugin, Sergio Astengo e Abril Farolini; guitarra, Julio Corbelli; e os bailarinos Frederico Garcia, Mercedes Fariña, Camila Rocha e Kelvin Cal.

 “A programação alterna temas instrumentais, cantados e dançados, sendo um amálgama das quatro artes do gênero: música, canto, poesia e dança. Piano, bandoneon e guitarra e demais instrumentos musicais  formam uma grande orquestra de tango, fiel ao som e tradição dos lendários grupos de tango.”

 O primeiro ato do repertório foi a execução da música Melancólico, do argentino Julián Plaza (1928-2003).  Momento mais que consagrado para abrir aquela noite memorável. Seguiram-se, Uno,  de Mariano Mores (1918 – 2016) y Enrique Santos Discépolo (1901 – 1951) , na voz de Valeria Lima; Mala Junta,  de Julio de Caro(1899 -1980) y Pedro Laurenz (1902 -1972); Juárez, de Frederico Araujo; Preludio para el año 3001, de Astor Piazzolla (1921-1992) e Horácio Ferrer (1933 – 2014), na voz de Valeria Lima; Naranjo em flor, Virgilio y Homero Expósito(1918 -1987), na voz de Valeria Lima; Chiqué, de  Ricardo Brignolo (1892 -1954); Jugador,  de Pao Larama y Javier Toledo, com arranjos de Álvaro Hagopián; Buenos Aires – Tókio , por Julián Plaza (1928-2003);

Foram apresentadas também algumas inserções como Taconeando,  Pedro Maffia (1899-1967) y José Horácio Staffolani (1898 -1968); Recuerdos, de Osvaldo Pugliese (1905-1995) y Eduardo Moreno; e, Canaro em París, (Juan Caldarella (1891-1978) Alejandro y José Scarpino (1904-1970), com a apresentação especial do guitarrista uruguaio de tango e folclore, Julio Cobelli.

No encerramento houve apresentação de quatro obras, a saber:

Galas de Tango (Franco Polimeni); Mi vieja viola, de Humberto Correa, a voz de Valeria Lima  Balada para um loco, de Horácio Ferrer y Astor Piazzolla, na imponente voz de Valeria Lima, e Danzarín (Julián Plaza).

Foram quase dez minutos de aplausos. Sob forte emoção o sangue rio-platense correu mais forte em minhas veias. Difícil não conter as lágrimas, de muita alegria e felicidades por ter presenciado um momento de rara beleza, de encantamento e grandes recordações. Afinal, as músicas executadas foram em sua grande maioria compostas ainda no século passado.

Saindo da majestosa sala do teatro nos deparamos com o Allegro Café, no hall da Sala Zavala Muniz, onde fizemos uma pausa para nos recuperarmos da exuberância com que fomos brindados.

- Dois cafés com media luna, e nada mais, disse.

Saimos caminhando tranquilamente deixando para trás o Teatro Solís ainda iluminado, bem próximo da Puerta de la Cidadela, na Praça da Independência, onde convidei  Mme. M.L., para  jantar.

- Que acha de almoçarmos amanhã no Mercado del Puerto e em seguida, tomarmos um café com alfajores,  disse Mme., ainda meio extasiada pelo que acabara apreciar em Montevidéu.

- Combinado.

 

SERVIÇO

Teatro Solís

Calle Reconquista S/N, esquina com Bartolomeu Mitre, 11000

Montevidéu - Uruguai

 Um país extremamente simpático e se reinventando a cada período, com uma exemplar organização social, econômica e política. Assim é o Uruguai, que possui quase mil quilômetros de fronteira com o Brasil onde faz divisa com o estado do Rio Grande do Sul. Se caracteriza por uma enorme diversidade de paisagens, clima equilibrado e um dos melhores produtores de alimentos de alta qualidade da América.

Uruguai produziu 13,5 TWh –  TWh é uma unidade de medida da energia equivalente a 1000 GWh, ou seja, um bilhão de kWh.  Sendo 40% de energia eólica, 30% de hidrelétrica, 20% de biomassa, 6% de combustíveis fósseis e 4% de energia solar. Estes dados são do inicio da década, e até hoje sem alteração significativa.

Portanto, um país estável, com energia abundante, parque industrial sólido e em crescimento, infraestrutura disponível, com áreas urbanas com alta porcentagem de água potável e esgotamento sanitário plenamente suficiente para evitar surtos de dengue, por exemplo...

E, um dado interessante: não há favelas na capital, Montevidéu.  Quem me explicou de forma pedagógica foi uma motorista de taxi. “O Governo identifica casas e prédios abandonados. Recupera-os e deixa em condições de habitação. Acolhe famílias previamente cadastradas e acomoda nestas unidades urbanas, com uma condição. Num prazo de 180 meses o chefe da família deve apresentar comprovante de contrato de trabalho, assumindo assim um compromisso de pagamento – muitas vezes simbólico -, mas necessário para a inserção social.”

Montevidéu está há duas horas de distância de Curitiba, capital do Paraná,  via aérea. A companhia Azul faz a ligação com confortáveis aeronaves Embraer 190-E.

Já se passava das 15 horas e decidi ouvir os apelos de meus instintos. Onde poderia suprir minha curiosidade sobre as famosas parrilhas, a está hora, questionei para mim mesmo. Alguém me falou sobre um restaurante que funciona desde 1962, na rua San José, 1080, lembrei.

Caminhando,  cheguei ao local, acompanhado alegremente com Mme M.L..

 Adentrei e fui recepcionado por uma voz grave:

- Sejam Bem Vindos.

Perguntei se ainda estavam atendendo, pois que de imediato o recepcionista (que depois vim a saber, tratava-se de um dos sócios) me assegurou:

- Trabalhamos do meio dia até meia noite.

Me senti entre amigos.

Já na mesa 13, sala principal,  recebi uma simpática taça de espumante, da mesma forma que  Mme M.L.

Levantamos um brinde aos países irmãos.

O cardápio é extenso. Abre com parrilha, segue com frutos do mar e encerra com massas artesanais, além de entradas e sobremesas. Há também mais de quatrocentos rótulos de vinhos produzidos nas excelentes caves do Uruguai, bem como de vinhos produzidos nos países vizinhos.

O pedido para dois veio no tempo certo.

O entrecot com batatas fritas estava correto, na textura, no suave tempero e levemente assado quase ao ponto. Da mesma forma que as fritas. Acompanhadas com uma taça de vinho da casa. E, por fim, uma deliciosa torta gelada com amêndoas.

O restaurante El Fogón fica no centro da capital, com mais de sessenta anos de existência. E traduz o que há de melhor da gastronomia do Uruguai. Tem capacidade para atender até 280 pessoas nos quatro salões, mais um espaço na adega. As massas do cardápio são elaboradas de forma artesanal. Os cortes especiais das carnes pertencem a uma reserva exclusiva. Há também uma filial do restaurante El Fogón  na praça de alimentação do Shopping Punta Carretas.

Após nos despedirmos dos funcionários do El Fogón, apressamos o passo para chegarmos até a bilheteria do Teatro Sólis, na praça Independência. Mas está imponente atração será objeto de outro texto, proximamente.

 


SERVIÇO

Restaurante El Fogón (centro)

Rua San José, 1080

Fone (+587)290 0900

elfogon.com.uy