Blog do Edson

Comentários sobre comidas, bebidas e afins.

 

        


Passava das 12 horas e ainda alguns compromissos exigiam a minha atenção. A engenharia de trânsito de Curitiba é eficiente, perguntei aflito para Mme. M. L. que estava ao meu lado.

Respondeu-me que  “se esforçam para manter a circulação de veículos da cidade em ordem, mas faltam mais conhecimentos para que o trânsito seja eficiente,” disse.

E assim, entre uma conversa e outra, concluímos que a boulangerie Família Farinha seria o melhor local para acalmar nossas aflições sobre comidas e trânsito. Tem estacionamento fácil, e um pequeno Bristô que oferece o que precisávamos para aquela hora do dia.

Curitiba como se sabe, não tem praia.

Então, para alegrar os espíritos, muitos recepcionistas de restaurantes, garçons e afins, oferecem as melhores mesas, “com vista para o mar”, como sinal de acolhimento e alegria por receber seus clientes mais assíduos.

Lembrei dessa passagem para Mme. M. L., sorridente por estarmos naquele Café, sentados em duas banquetas, de frente para a chef de cozinha, D. Kelly, que nos separava por uma janela de vidro transparente.

“Era possível observar os mínimos detalhes da confecção de seus pratos requisitados pelo pequeno número de angustiantes comensais. Alguns inclusive acima do peso, ávidos por uma pasta com molhos diversos. Outros em busca de um carpaccio, e outros ainda aflitos por uma omelete ((como era meu caso atento leitor (a)).”

Mme. M. L. pediu espaguete Mediterrâneo, que vem a ser uma massa com molho de tomates, camarões e nacos de salmão. Acompanhados com queijo parmesão ralado e fatias de pão de fermentação natural.

A minha omelete veio com bacon e ervas. Dialogando com duas fatias de pão francês torradas com manteiga.

A cada duas ou três garfadas observava a conclusão de mais um pedido á minha frente  (de frente para o mar).  Não parei de observar a destreza com que aquela chef exercia suas habilidades com as espátulas, com os fuês, com os galheteiros que circulavam entre seus dedos, como que flutuassem com os ingredientes que cobriam as frigideiras. Uma artista se exibindo para seu público e ofertando com maestria o produto final.

O espetáculo artesanal se encerrava à medida que o resultado final chegava até as seis mesas dispostas no minúsculo espaço do café, da boulangerie. A partir daí as conversas silenciavam. Cediam lugar aos sabores e a contemplação. As gentis atendentes, sempre solicitas, circulavam entre as poucas mesas atentas aos mais diversos pedidos.

Provoquei minha gentil acompanhante sobre àquele show quase exclusivo e sobre o o espaguete. Ela, com ar de alegria me disse que seu pedido ficou acima das expectativas, justificando o apelido de Mediterrâneo para a pasta. O meu pedido veio sem qualquer surpresa. Correto na combinação dos ovos com o bacon e combinando com as duas fatias de pães torradas na manteiga.

Antes de sair daquele ambiente recebi a informação de que a Família Farinha vai inaugurar o novo espaço no inicio do ano, maior, com pelo menos 20 mesas, exclusivo para o café. A nova Família Farinha funcionará a poucos metros de distância da atual.  Além de ambientes adequados para os pães, vinhos, embutidos, confeitaria e todos os demais produtos que fazem a festa para a boa gastronomia. 

A conclusão é a de que acertamos mais uma vez em visitar aquele espaço da excelente boulangerie Família Farinha, “com vista para o mar”.

 

SERVIÇO

FAMILIA FARINHA

Padaria e delicatessen com pães franceses, alemães e italianos, além de bolos e café.

EndereçoAvenida. Nossa Senhora da Luz, 2345 - Jardim Social,

 Curitiba – PR. CEP - 82530-010

Telefone: (41) 3362-3052

 


 Edson Luiz Vieira 2/10/2008 05:10:00 PM (atualizado em 30.08.2024)

 Ney Braga foi um homem notável no seu tempo.

Deixou marcas de desenvolvimento e prosperidade para várias gerações. Reverencio seu nome porque dentre tantas ações realizadas, foi o mentor e fundador do Mercado Municipal de Curitiba, lá pelos idos de 1958.

 Mais precisamente dia 2 de agosto.

 Há 66 anos as banquinhas de frutas, verduras e comidas do Mercado Municipal me dão prazer para os olhos, nariz e para a língua.

Neste sábado, fui de taxi até o Mercado, mais precisamente para o Box do Eliseu, de propriedade do mais simpático sansei do espaço gastronômico.


Pedi peixe à milanesa para três (eu, Mme. M.L. e Mlle. H.) com os tradicionais acompanhamentos, ao custo de R$ 10,00 por unidade.
Nos foi servido inicialmente uma leve salada individual com folha verdes, tomates, repolho ralado e... dois quadradinhos de tofú em cada porção.


Em seguida a atração principal - filé de pescada à milanesa - com seus complementos, arroz com legumes e fios de ovos e feijão amarelinho.


Perguntei para Mlle. H.:
- Peixe combina com feijão?
- Penso que não, mas esse está uma delicia, respondeu!
As porções foram suficientes e devidamente consumidas entremeadas por alegre conversa, adequada para um almoço de sábado, sem qualquer exigência.


Visualizei o teto abobadado, ouvindo os barulhos, observando as pessoas, as mesas apertadas e disputadas... e mais uma vez, em silencio, agradeci ao Ney
Braga e a todos os prefeitos que o sucederam.


Serviço:

 Box do Eliseu - Rua Sete de Setembro, 1865.
Simples como o ambiente, mas com certificado de qualidade e higiene emitidos pelo Senac.

 

 

 

(Adendo)

Após este registro histórico dos anos 2008, retornei diversas outras vezes ao Mercado Municipal, e, felizmente acabei me mudando para um local, bem próximo. Facilitando assim aproveitar as delicias deste icônico local.

E, o Box do Eliseu continua o mesmo.

Cada vez melhor.

A ultima piada que ouvi ( e testemunhei) do espirituoso Elizeu foi a seguinte:

O cliente pergunta “ como é este bolinho de carne”... repleto de obscuras perguntas.

- É de carne... respondeu o impassível Elizeu, com ar de paisagem.

Cai num riso descontrolado, tentando disfarçar aquela situação constrangedora, mas oportuna.

Assim é o mais descontraído chefe e gerente do correto Box do Elizeu, que com D. Sueli, e, agora com apoio de seu filho Lucas, administra o espaço mais democrático e acessível do Mercado Municipal.

Elizeu Sugimati vem de uma linhagem de bons comerciantes de alimentos e atinge seu ápice depois de enfrentar uma pandemia que quase afetou o seu comércio.

Antes da pandemia vendia cerca de 240 refeições por semana. Aos sábado chegava a vender até 400.  Na pandemia cheguei a vender sete refeições, num sábado.

“Felizmente passou e hoje estamos restabelecidos daquela situação.”

O bolinho de carne, objeto de tantas piadas engraçadas já foi considerado o “melhor bolinho de carne” da cidade. E não é para menos. Feito com ingredientes de qualidade é vendido por unidade e pode ser acompanhado pelo PF, ou, prato feito, a recomendação mais pedida do BOX.

E, Elizeu, continua alegrando e distraindo seus inúmeros amigos e clientes de seu famoso Box do Elizeu.


Encantado pela beleza arquitetônica adentrei ao recinto procurando pela bilheteria daquele imponente Teatro, num dos lados da Praça Independência, no centro histórico, em Montevidéu.

O Teatro Solís, faz parte da cultura do país, com intensa programação, desde a sua inauguração em 1856. Referencia na arte e na cultura da América do Sul, juntamente com o Teatro Cólon, de Buenos Aires, com estilo neoclássico projetado pelos arquitetos Carlos Zucchi e Victor Rabu. O Teatro Solís tem capacidade para, pelo menos 1500 lugares.

 No final daquela tarde, na ultima semana de abril, adquiri dois ingressos para assistir a atração da noite: Gran Gala de Tango.

 Aguardei, juntamente com Mme. M. L., o momento para adentrar àquela sala de espetáculos com a Orquestra Filarmônica de Montevidéu à postos.

Abriram-se as cortinas.

O diretor e maestro Martín García nos convida para o show de apresentação da Orquestra e seus convidados. Ao piano, Álvaro Hagopián; bandoneones, Néstor Vaz, Martin Pugin, Sergio Astengo e Abril Farolini; guitarra, Julio Corbelli; e os bailarinos Frederico Garcia, Mercedes Fariña, Camila Rocha e Kelvin Cal.

 “A programação alterna temas instrumentais, cantados e dançados, sendo um amálgama das quatro artes do gênero: música, canto, poesia e dança. Piano, bandoneon e guitarra e demais instrumentos musicais  formam uma grande orquestra de tango, fiel ao som e tradição dos lendários grupos de tango.”

 O primeiro ato do repertório foi a execução da música Melancólico, do argentino Julián Plaza (1928-2003).  Momento mais que consagrado para abrir aquela noite memorável. Seguiram-se, Uno,  de Mariano Mores (1918 – 2016) y Enrique Santos Discépolo (1901 – 1951) , na voz de Valeria Lima; Mala Junta,  de Julio de Caro(1899 -1980) y Pedro Laurenz (1902 -1972); Juárez, de Frederico Araujo; Preludio para el año 3001, de Astor Piazzolla (1921-1992) e Horácio Ferrer (1933 – 2014), na voz de Valeria Lima; Naranjo em flor, Virgilio y Homero Expósito(1918 -1987), na voz de Valeria Lima; Chiqué, de  Ricardo Brignolo (1892 -1954); Jugador,  de Pao Larama y Javier Toledo, com arranjos de Álvaro Hagopián; Buenos Aires – Tókio , por Julián Plaza (1928-2003);

Foram apresentadas também algumas inserções como Taconeando,  Pedro Maffia (1899-1967) y José Horácio Staffolani (1898 -1968); Recuerdos, de Osvaldo Pugliese (1905-1995) y Eduardo Moreno; e, Canaro em París, (Juan Caldarella (1891-1978) Alejandro y José Scarpino (1904-1970), com a apresentação especial do guitarrista uruguaio de tango e folclore, Julio Cobelli.

No encerramento houve apresentação de quatro obras, a saber:

Galas de Tango (Franco Polimeni); Mi vieja viola, de Humberto Correa, a voz de Valeria Lima  Balada para um loco, de Horácio Ferrer y Astor Piazzolla, na imponente voz de Valeria Lima, e Danzarín (Julián Plaza).

Foram quase dez minutos de aplausos. Sob forte emoção o sangue rio-platense correu mais forte em minhas veias. Difícil não conter as lágrimas, de muita alegria e felicidades por ter presenciado um momento de rara beleza, de encantamento e grandes recordações. Afinal, as músicas executadas foram em sua grande maioria compostas ainda no século passado.

Saindo da majestosa sala do teatro nos deparamos com o Allegro Café, no hall da Sala Zavala Muniz, onde fizemos uma pausa para nos recuperarmos da exuberância com que fomos brindados.

- Dois cafés com media luna, e nada mais, disse.

Saimos caminhando tranquilamente deixando para trás o Teatro Solís ainda iluminado, bem próximo da Puerta de la Cidadela, na Praça da Independência, onde convidei  Mme. M.L., para  jantar.

- Que acha de almoçarmos amanhã no Mercado del Puerto e em seguida, tomarmos um café com alfajores,  disse Mme., ainda meio extasiada pelo que acabara apreciar em Montevidéu.

- Combinado.

 

SERVIÇO

Teatro Solís

Calle Reconquista S/N, esquina com Bartolomeu Mitre, 11000

Montevidéu - Uruguai


 Um país extremamente simpático e se reinventando a cada período, com uma exemplar organização social, econômica e política. Assim é o Uruguai, que possui quase mil quilômetros de fronteira com o Brasil onde faz divisa com o estado do Rio Grande do Sul. Se caracteriza por uma enorme diversidade de paisagens, clima equilibrado e um dos melhores produtores de alimentos de alta qualidade da América.

Uruguai produziu 13,5 TWh –  TWh é uma unidade de medida da energia equivalente a 1000 GWh, ou seja, um bilhão de kWh.  Sendo 40% de energia eólica, 30% de hidrelétrica, 20% de biomassa, 6% de combustíveis fósseis e 4% de energia solar. Estes dados são do inicio da década, e até hoje sem alteração significativa.

Portanto, um país estável, com energia abundante, parque industrial sólido e em crescimento, infraestrutura disponível, com áreas urbanas com alta porcentagem de água potável e esgotamento sanitário plenamente suficiente para evitar surtos de dengue, por exemplo...

E, um dado interessante: não há favelas na capital, Montevidéu.  Quem me explicou de forma pedagógica foi uma motorista de taxi. “O Governo identifica casas e prédios abandonados. Recupera-os e deixa em condições de habitação. Acolhe famílias previamente cadastradas e acomoda nestas unidades urbanas, com uma condição. Num prazo de 180 meses o chefe da família deve apresentar comprovante de contrato de trabalho, assumindo assim um compromisso de pagamento – muitas vezes simbólico -, mas necessário para a inserção social.”

Montevidéu está há duas horas de distância de Curitiba, capital do Paraná,  via aérea. A companhia Azul faz a ligação com confortáveis aeronaves Embraer 190-E.

Já se passava das 15 horas e decidi ouvir os apelos de meus instintos. Onde poderia suprir minha curiosidade sobre as famosas parrilhas, a está hora, questionei para mim mesmo. Alguém me falou sobre um restaurante que funciona desde 1962, na rua San José, 1080, lembrei.

Caminhando,  cheguei ao local, acompanhado alegremente com Mme M.L..

 Adentrei e fui recepcionado por uma voz grave:

- Sejam Bem Vindos.

Perguntei se ainda estavam atendendo, pois que de imediato o recepcionista (que depois vim a saber, tratava-se de um dos sócios) me assegurou:

- Trabalhamos do meio dia até meia noite.

Me senti entre amigos.

Já na mesa 13, sala principal,  recebi uma simpática taça de espumante, da mesma forma que  Mme M.L.

Levantamos um brinde aos países irmãos.

O cardápio é extenso. Abre com parrilha, segue com frutos do mar e encerra com massas artesanais, além de entradas e sobremesas. Há também mais de quatrocentos rótulos de vinhos produzidos nas excelentes caves do Uruguai, bem como de vinhos produzidos nos países vizinhos.

O pedido para dois veio no tempo certo.

O entrecot com batatas fritas estava correto, na textura, no suave tempero e levemente assado quase ao ponto. Da mesma forma que as fritas. Acompanhadas com uma taça de vinho da casa. E, por fim, uma deliciosa torta gelada com amêndoas.

O restaurante El Fogón fica no centro da capital, com mais de sessenta anos de existência. E traduz o que há de melhor da gastronomia do Uruguai. Tem capacidade para atender até 280 pessoas nos quatro salões, mais um espaço na adega. As massas do cardápio são elaboradas de forma artesanal. Os cortes especiais das carnes pertencem a uma reserva exclusiva. Há também uma filial do restaurante El Fogón  na praça de alimentação do Shopping Punta Carretas.

Após nos despedirmos dos funcionários do El Fogón, apressamos o passo para chegarmos até a bilheteria do Teatro Sólis, na praça Independência. Mas está imponente atração será objeto de outro texto, proximamente.

 


SERVIÇO

Restaurante El Fogón (centro)

Rua San José, 1080

Fone (+587)290 0900

elfogon.com.uy

 

Uma bebida açoriana conhecida em regiões litorâneas de Santa Catarina pelo nome de consertada foi o ponto de partida e a gentil acolhida de boas vindas, na praia de Armação do Itapocorói, Penha (SC). O encontro ocorreu por acaso, na Petiscaria do Élio – Tradição em Frutos do Mar.

A consertada, ofertada no balcão do estabelecimento, foi consumida alegre e delicadamente. Em dois goles foi possível absorver aquele verdadeiro licor popular em um pequeno copo, que não era de cristal, mas utilizado como se fosse. E foi o inicio de uma agradável acolhida e diálogo sobre a cultura, a gastronomia e os movimentos sociais do povo açoriano que se implantou ao longo dos 40 municípios de Santa Catarina.

Élio, que atende a todos com muita gentileza e atenção, está à frente da petiscaria desde 1984. E aplica os conhecimentos de além mar. Se utiliza da pesca artesanal para oferecer produtos frescos usando alguma técnica culinária sem grandes pretensões. Uma anchova grelhada acompanhada de pirão levemente temperado, camarão soltinho ou ao bafo, bolinhos de peixe, e, mariscos ao vinagrete, fazem parte das atrações principais. Há também complementos como saladas, arroz, batatas fritas, e frango para quem é intolerante aos produtos do mar.

Descobrir a Petiscaria foi uma feliz volta no tempo com acumulo de muita história que remete aos primeiros 461 açorianos de deixaram suas terras na ilha de Açores em busca de um novo eldorado. Foi instituída a data de seis de janeiro porque neste dia no ano de 1748, está registrada a chegada dos primeiros açorianos na ilha de Santa Catarina, Florianópolis. Estas pessoas embarcaram no porto de Angra do Heroísmo no dia 21 de outubro de 1747 com destino ao Sul do Brasil. As Galeras “Jesus” e “Maria José” sob o comando do capitão Luís Lopes Coelho trouxeram a bordo 85 casais e seus familiares vindos das ilhas Terceira, Faial, São Jorge e Pico. Eram trabalhadores que tinham por vocação a agricultura. Aqui se adaptaram a pesca, principalmente da baleia, por ser abundante. 

A obra do pesquisador catarinense, de Nova Trento, doutor Walter Fernando Piazza, sob o titulo “A epopeia açorio-madeirense”, de 490 páginas, é considerada a mais completa sobre a vinda dos açorianos para Santa Catarina. Ele pesquisou em arquivos brasileiros e portugueses inclusive açorianos. Em doze capítulos discorre sobre os motivos que levaram os açorianos a migrarem para as terras brasileiras.

O tema é vasto e inconclusivo. Tem um tratamento especial junto a academia. A Universidade Federal de Santa Catarina trata do tema através do Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) que oferece reuniões permanentes e estudos, além de disponibilizar uma bibliografia com livros de literatura açoriana, literatura infantil, poesia, historiografia, bem como catálogos de exposição, CDs e DVDs .

A conversa e as referências históricas dos imigrantes açorianos foram intercaladas entre um prato e outro de frutos do mar e cerveja, já que a temperatura naquela hora do dia estava no seu ápice.

Para dar uma pausa no interessante diálogo, questionei sobre se havia alguma sobremesa para encerrar aquele gostoso almoço. Élio me recomendou uma mousse de maracujá natural. Veio a coisa alegre, divertida, com algumas sementes contrastando com a cor forte da fruta. Estava corretíssima.

 

SERVIÇO

Petiscaria do Élio

Rua João de Souza Costa, 372 - Praia de Armação do Itapocorói,

Penha - SC,

CEP 88385-000

Telefone: (47) 99104-0085

 

Buteco é uma derivação da palavra boteco. Também aceita para a
 indicação de botequim, que vem a ser quase a mesma coisa que bar.

Surgem quase que espontaneamente e adquirem vida longa.

Lembro certa vez lendo um exemplar de Asterix (o gaulês),  onde o herói baixinho que sempre vencia as batalhas contra os romanos (após ingerir uma desconhecida poção mágica)  caminhava por uma ruela numa das cidades dominadas na região da Gália quando se deparou com um bar denominado  O Gladiador Arrependido”. 

Asterix então adentrou àquele recinto, sentou-se e pediu uma bebida para esquentar a alma e o corpo.

Aquela passagem me fez refletir sobre a história do gladiador, que depois de tantas lutas, deixou sua função para gerenciar uma taverna ou um bar, como de costume. E, certamente viveu feliz na nova atividade.

Desta forma, em essência são os bares.

Acolhem a todos com respeito e os induzem a um comportamento digno de um lutador  que encontra um local seguro, por alguns bons momentos. Os bares estão espalhados por todas as cidades do mundo. Desconheço caríssimo (a) leitor (a), alguma cidade que não possua um adequado local onde se possa beber sem ser incomodado e se alimentar de algo que propicie prazer para a língua e para o corpo.

Aqui mesmo neste espaço já descrevi histórias vivenciadas em alguns bares como sendo lugares mágicos com registros históricos de alegria, felicidade.

Ainda recentemente, final deste outubro, estava eu em busca de um local semelhante ao descrito acima, na cidade de Paranavaí, há poucos quilômetros de distancia das margens do caudaloso rio Paraná – que faz divisa com Mato Grosso do Sul. Conversava com o engenheiro J. Russi, das virtudes daquela cidade localizada no Noroeste do Estado do Paraná e do calor reinante no inicio daquela da noite. Aguardávamos ansiosos a presença do advogado e engenheiro Carlos, profundo conhecedor de toda a região, que iria nos levar para comer alguma coisa naquela cidade.

- Chegou.

- Levarei vocês à um dos lugares mais democráticos onde não há distinção de classes, e todos são iguais. Iremos ao Buteco do Tribuna!!!

Fiquei em dúvidas sobre o local, mas concordei da mesma forma que o engenheiro J. Russi.

Chegamos ao local indicado pelo advogado Carlos, e nos acomodamos na mesa 33, quase em frente ao balcão, que possui, ao fundo, exemplares das melhores bebidas destiladas da cidade.

Com o extenso cardápio em mãos, sr. Carlos pediu três porções de caldo de piranha (de entrada), depois ceviche à moda peruana, e para encerrar, iscas de fígado bovino acebolado. Tudo acompanhado de cerveja Heineken.

A partir de então os diálogos derivaram para questões outras, num clima de otimismo e amizade.

Vieram pela ordem: o caldo de piranha.

 Confesso que não havia tido a experiência – até então -  com algo tão delicado, suave e levemente temperado. A impressão que tive do pescado foi de êxtase. O caldo quente remeteu ao que há de melhor da região próxima do pantanal.

Passada a agradável experiência, veio a segunda opção: Ceviche à moda peruana.

Já havia consumido várias formas de ceviche com peixe de mar, mas, com filezinhos de tilápia (de rio) foi a primeira vez. O preparo seguiu o ritual idêntico aos consumidos no Peru, mas com o toque dos filetes de tilápia. Uma combinação perfeita para aquele momento.

Por fim, após os mais diversos temas dos diálogos, veio a terceira opção: Iscas de fígado bovino acebolado.

Foi a apoteose. Já estávamos extasiados com as opções anteriores e fomos surpreendidos com as iscas de fígado, temperadas, frescas e macias. Uma combinação perfeita para o equilibrado consumo de cerveja Heineken.

O Buteco do Tribuna, conhecido também como o Bar do Kengo se mistura com a história da cidade. É frequentado por advogados, engenheiros, magistrados e suas famílias, agricultores, fazendeiros e trabalhadores de todos os segmentos. Possui uma diversificada seleção de bebidas e várias opções de comidas em seu extenso cardápio.

O Buteco do Tribuna  possui alma, retratado em diversas histórias contadas, e que fazem parte do contexto popular.

Pedimos uma saideira.

Veio.

Perguntei para o advogado Carlos:

- Como está a temperatura desta Heineken:

-Gelada, igual a cú de foca.

 

SERVIÇO

BUTECO DO TRIBUNA

Rua Manoel Ribas, 1290.

Centro, Paranavaí,

Paraná, Brazil

Fone (44) 3422-6000

 

 Circulava pela avenida Higienópolis, na agradável cidade de   Londrina.

 Procurava atentamente uma antiga sorveteria – Sávio -   que funcionava pelas imediações, desde a década de 80.

  Foi quando M. J.  Russi me alertou.

  É ali, apontando com o dedo indicador para uma confeitaria á nossa frente.

  - Pode ser esta sim, disse.

O nome, Holandesa, me deixou em dúvida.

Os desejos de algo cremoso, adocicado,  e o visual da vitrine falaram mais alto, naquela tarde de sol.

 Entrei na confeitaria, sem qualquer cerimonia, ainda hipnotizado pelo colorido dos confeccionados doces. 

Pedi um strognoff de nozes decorado com nata e cercado de pequenos pedaços de massa folhada.

O engenheiro Júlio Russi que me acompanhava pediu um creme de “brigadeiro” que consiste em  duas massas coloridas de leite condensado - claro e escuro -, decorado com meia fatia de morango.

- Podem se acomodar em qualquer uma das mesas que levarei os doces, em seguida, disse o educado atendente.

A mesa escolhida estava posicionada ao lado de uma porta, de forma providencial para acalmar a temperatura daquela tarde.

Chegaram os pedidos.

O strognoff de nozes  veio acomodado em uma pequena taça transparente. Estava correto na consistência  e  adequado na combinação com a nata fresca, juntamente com a mescla da massa folheada. Foi consumido avidamente, com pouco diálogo.

- Como está o seu creme, perguntei.

-Está ótimo... disse o bom amigo que me acompanhava nesta empreitada.

E assim prosseguimos naquela  árdua empreitada, alternando compromissos profissionais e atendendo aos pedidos do estômago.

A cidade de Londrina, caro(a) leitor (a), tem seus encantos. As grandes fazendas que existiam em 1.920 foram aos poucos dando lugar para os bem localizados loteamentos. Foi desmembrada do município de Jataizinho e conhecido como gleba Três Bocas, no caminho da ferrovia Ourinhos - Foz do Iguaçu. Ingleses que chegaram à região a partir de 1924 instituíram a Companhia de Terras do Norte do Paraná, com a anuência do Governo Estadual.

 Histórias ricas em fatos reais que repercutem até os dias de hoje.

 

Serviço

Confeitaria Holandesa

 Av. Higienópolis, 1295 - Centro, Londrina - PR,

 CEP. 86015-010

Há muitos nomes de bairros em Curitiba. 
Destes, alguns engraçados, mas, de tão acostumados a ouvi-los seus significados passam despercebidos. Campo Comprido, Portão, Sambaqui, Sitio Cercado, Boqueirão, Barreirinha, Pilarzinho, Botiatuvinha, Xaxim, Capão Raso, Pinheirinho etc. etc. 
 
Foi passando por um bairro de nome engraçado - Bigorrilho - me deparei com o Café Anna Terra,  espaço que é dividido por uma panificadora (à direita) e um bistrô (à esquerda). 
Já se passava das 12 h.  Entrei.  Me acomodei na mesa 02 e pedi o cardápio para a atendente. Ao meu lado, Mme. M. L.,  solicitou a opção do dia, que consistia em bife acebolado, arroz, feijão, batata frita e salada com folhas verdes.                   Analisei o cardápio e fiquei com a opção dois, composta por arroz, batata sauté, bife grelhado e banana à milanesa.              No intervalo, conversamos sobre as famílias que vieram de várias cidades do país e do exterior para morar em Curitiba. Com trabalho e dedicação vêm trazendo progresso e boas novidades para a cidade. A exemplo da que administra o espaço gastronômico. Observei que no bistrô há um sistema Hi-Fi para conexão via internet. Jovens executivos acomodados em outras mesas se dedicando a conversas on-line através de seus inseparáveis lap-tops. Estudantes aguardando ansiosamente seus pedidos, enfim, um ambiente aconchegante e familiar. Servidas as saladas  com alguns molhos à disposição chegaram os pratos principais. Visual e aromas intensos. Após as primeiras garfadas perguntei para a madame

 

- Como está seu pedido?

 

- Está correto mas vou pedir mais uma porção de feijão... Disse.

 

- Por que? Insisti.

 

Porque esta quantidade é pouca para nós por causa do sabor.

 

De imediato provei o feijão e constatei que se assemelhava aos sabores caseiros. Da mesma forma que a banana à milanesa. Quentinha, crocante, e adocicada. E assim consumimos até fim, entremeados com observações de satisfação.

 

Pedimos a conta e efetuamos o pagamento diretamente no caixa, diferentemente dos procedimento nos fast-foods.

 

Serviço:

 

Café Anna Terra

 

Alameda Júlia da Costa, 1796 - Bigorrilho Fone (41) 3018-3983 e, 3077-0202


            


    P.S. Este texto foi publicado em 2009. O bistrô sofreu algumas modificações mas a qualidade continua a mesma. 

 


O idioma Quéchua é originário dos Andes peruanos e atualmente é falado por cerca de oito a dez milhões de habitantes em toda a América do Sul. Do Equador ao sul da Argentina e Chile. Durante a ocupação espanhola na América, esta língua foi intensamente utilizada para catequizar os indígenas da região incaica. A partir do século XX, o castelhano se sobrepôs à cultura Quéchua se tornando majoritária no Perú. Dialetólogos identificaram  variantes desta língua, a partir de 1960. 
Mas, porque te aborreço com estas históricas e enfadonhas informações, paciente leitor(a).

Porque estava eu a procura de alguma música que alegrasse a alma, pesquisando na Apple Music. Eis que toca o sinal do meu celular. Era M. L. G., me convidando para comer alguma coisa nesta sonolenta semana entre o Natal e Ano Novo. Admiti que seria uma árdua tarefa, excetuando as enganosas comidas ofertadas pelos fast-foods.

 - Passarei as 13:30 hrs., afirmou.

Reduzi ao mínimo meus afazeres e parti para o alegre encontro.

Convidei Mme. M.L., e Mml. M. de Mayer, para compartilhar uma mesa.

Iremos no Chinchu – Bar e Parilla, esclareceu o jovem engenheiro.

As poucas mesas estavam ocupadas. Pelo QR Code afixado na entrada do estabelecimento me candidatei a algum espaço. O Chinchu é um daqueles lugares de aparência simples, mas bastante disputado por causa de seus assados. Ocupamos quatro assentos defronte à barwoman e ao lado de uma linda chopeira Patagônia.

O diálogo girava em torno da bebida preferida pelos argentinos – Fernett Blanca, que foi criada e produzida na Itália e se expandiu no país platino. E, as carnes, com os cortes especiais...

Pedi um chopp Patagônia Amber Ale que é um estilo de cerveja que faz muito sucesso na região da Califórnia (EUA) e também é conhecida como American Red Ale . O que a diferencia é a característica mais escura, proveniente do malte utilizado, e a maior quantidade de lúpulo. Mme. M.L. pediu um chopp Patagônia Pilsen, Mml., De Mayer pediu um “tinto de verano” - que vem a ser uma bebida refrescante originária de Córdoba, na Espanha, e se tornou a mais consumida na terra de Cervantes. M. L.G., pediu uma fernett com coca-cola.

Uma vista rápida no cardápio pedimos uma parilhada calejera especial, e uma ponta de fraldinha acompanhada com um galeto, e complementos que se dividem em salada de batatas, legumes grelhados, arroz, feijão, farofa de bacon e dois molhos. As carnes vieram à pedido - mal passadas - a saber: bombom de alcatra, linguiça Bizinelli, ponta de fraldinha ( não confundir com o famoso vazio), e franguinhos corretamente assados. Mas, não se enganem. Feijão e arroz podem fazer duros questionamentos e interrogações de... porque estarem ali. A verdade é que eles dividem a atração com os assados. São simplesmente saborosos. O pedido foi suficiente para quatro pessoas.

Ao final, o diálogo com um dos criadores do espaço foi esclarecedor. O nome dado ao bar, Chinchu remete ao chinchulin, palavra originária do quéchua ch'únchull,  que vem a ser  a forma usada para se referir ao intestino delgado de gado, quando são utilizados para cozinhar este prato andino típico, que tradicionalmente acompanha os anticuchos.

Anticuchos é um prato típico do Peru, que consiste em espetinho de coração bovino, temperado e assado.

 

SERVIÇO

Chinchu, Bar e Parilla

Rua Saldanha Marinho, 1144, esquina com a Rua Brigadeiro Franco.

Curitiba – Paraná.

 

Guerra é guerra, que no final, ninguém sai ganhando. 

Que digam os combatentes da Alemanha, e os aliados, a Gran Bretanha, França, Estados Unidos e Itália e outros países  envolvidos no combate de 1914 até 1919,  causando hostilidade  entre as potências europeias, suas colônias e aliados ao redor do mundo e culminando com a rendição da Alemanha e a assinatura do Tratado de Versailles. O documento de rendição entrou em vigor em 10 de janeiro de 1920, colocando um ponto final nas hostilidades iniciadas em 1914 entre as potências europeias. O tratado devolveu a paz ao Continente e determinou que a Alemanha arcasse com todos os prejuízos causados pela guerra, principalmente as perdas financeiras. 

A ultima parcela foi quitada recentemente, em outubro de 2010. 

Os alemães o chamaram de “Ditado de Versalhes”, já que não houve nenhuma possibilidade de o país negociar as condições para a paz definitiva, gerando um sentimento de derrota e de humilhação em toda a população alemã, além de intensa crise econômica e social naquela época.

Uma das penalidades impostas aos alemães foi a devolução do território da Alsácia Lorraine para a França. Esta área havia sido anexada ao território alemão durante a guerra franco-prussiana, em 1870-1871. Além de outras mais.

Mas porque digo isto, paciente leitor (a). Porque especialmente a região da Alsácia é extremamente rica em história, cultura e economia. Sua gastronomia deu ao mundo notáveis experiências tais como o quiche lorraine e a famosa tarte flambée, além dos incomparáveis vinhos.

Muito antes desse conflito, conhecido como a primeira guerra mundial - três séculos antes -  o estadista, religioso e escritor frances  Jean-François Paul de Gondi, Cardeal de Retz (território austríaco) teria sido o mentor intelectual da criação de uma torta (Kuchen) alemã, salgada, e conhecida posteriormente como quiche.

Outra criação originária da Alsácia, a famosa tarte flambée é atribuída aos camponeses da idade média, que aproveitavam o calor dos fornos usados para assar pães e tostavam essas deliciosas massas finas. Surgia assim as kurchen tradicionais desses povos muito trabalhadores.

E assim, com muita criatividade são produzidas ao redor do mundo.

Passeando pela CasaCor, em Curitiba,  - espaço que reúne o que há de melhor em projetos de arquitetura, e decoração -  descobri um charmoso café, denominado Brod Bakery, instalado no primeiro andar, ao lado da loja Coisas de Família. Vitrine com distribuição de doces e salgados atraíram minha atenção. Cardápio com opções racionais me orientou a pedir uma quiche lorraine de bacon e cebolas caramelizadas. E, um capuccino cremoso. Mme T. de Grein Valente que me acompanhava pediu uma quiche de alho poró. 

Dialogamos sobre a ambientação, a iluminação e a correta aplicação das cores daquele espaço – produzido pela Quadrat Arquitetura. 

Vieram os pedidos.

- Como está sua quiche, perguntei para a senhora Grein Valente.

- Está quentinha, suave e delicada, me respondeu com ar de felicidade.

A minha estava correta na textura e sabor, com a crocância do bacon e a leve doçura da cebola caramelizada. E, aos poucos consumi aquela torta original da região da Alsácia, de forma cadenciada, intercalada com a interpretação oportuna do diálogo amistoso.

A Brod Bakery é uma padaria artesanal que se lançou no competitivo mercado em meio a pandemia. Tem um forte diferencial que é a qualidade e bom gosto de seus produtos. A parceria com a Quadrat Arquitetura, no espaço CasaCor foi uma pequena mostra deste êxito.


SERVIÇO

BROD BAKERY

Espaço CasaCor – 1. Andar

rua Álvaro Alvin, 91 - Curitiba - Pr.

@brodbakerycuritiba